.Gleudecy B.C.Carvalho Rodrigues

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PAZ & LUZ!


quinta-feira, 16 de setembro de 2010

INTRODUÇÃO



Introdução a obra de Fernando Pessoa

Uma vida e muitas invenções
Ao escrever sobre Fernando Pessoa, o poeta mexicano Octavio Paz declara que “os poetas não têm biografia. Sua obra é sua biografia”. Afirma ainda, que, no caso de Pessoa, “nada em sua vida é surpreendente - nada, exceto seus poemas.” Homem de vida pública modesta, Fernando Pessoa dedicou-se a inventar. Através da poesia, criou outras vidas, despertando, assim, o interesse por sua própria vida tão pacata. Tornou-se, portanto, o enigma em pessoa.



Nascido em Lisboa, no dia 13 de junho de 1888, Fernando Pessoa perdeu o pai aos cinco anos de idade. Em 1896, a família se transfere, levada pelo segundo marido de sua mãe, para a cidade de Durban, na África do Sul. Lá, cursa o secundário, cedo revelando seu pendor para a literatura. Em 1903, ingressa na Universidade do Cabo.

Fernando Pessoa, educado em ingl�s, adquiriu o gosto pela poesia lendo Milton, Byron, Shelley, Edgar Allan Poe e outros poetas de l�ngua inglesa.

Deixando a fam�lia em Durban, o jovem estudante, que at� pensava em ingl�s, retorna a Portugal. Fernando Pessoa matricula-se, ent�o, no Curso Superior de Letras, que logo abandona, e entra em contato com os grandes escritores da l�ngua portuguesa. Impressiona-se sobremaneira com os serm�es do Padre Ant�nio Vieira (1608-1697) e particularmente com a obra de Ces�rio Verde (1855-1886), Em 1908 come�a a trabalhar como tradutor de cartas comerciais para empresas estrangeiras. Deste emprego modesto tirar� o sustento durante toda a vida. Bo�mio, encontra-se com os amigos em caf�s, especialmente a "Brasileira do Chiado" para discutir literatura. Em 1912 conhece o poeta M�rio de S�-Carneiro (1890 - 1916), de quem se tornaria grande amigo. Em Paris, no dia 26 de abril de 1916, S�-Carneiro, ap�s escrever cartas angustiadas a Fernando Pessoa, comete o suic�dio.

A revista Orpheu, fundada em 1915 por Fernando Pessoa, M�rio de S� Carneiro,
e outros amigos, como Almada Negreiros e Lu�s de Montalvor, representa o marco inicial do Modernismo em Portugal.

Ap�s a notoriedade, nem sempre positiva, adquirida com a publica��o de Orpheu, Pessoa mergulha em anos de relativa obscuridade. Publica um pequeno volume de poemas em ingl�s, Antinuos and 35 Sonnets (1918), ensaios e poemas espor�dicos em algumas revistas, funda outras, envolve-se com o ocultismo e a magia negra, dedica-se ao estudo da astrologia. Em 1934 publica, tomando dinheiro emprestado, o livro Mensagem, e com ele participa do pr�mio "Antero de Quental". Recebe o pr�mio de Categoria B. No dia 30 de novembro de 1935, morre de cirrose hep�tica.

Fernando Pessoa nunca teve, em vida, o reconhecimento que merecia. Viveu modestamente, em relativa obscuridade. Quando vivo, teve apenas dois livros publicados: Alguns poemas em ingl�s e Mensagem.

Os heter�nimos

Desde cedo, Fernando Pessoa inventara seus companheiros. Ainda em Durban, imagina os heter�nimos Charles Robert Anon e H. M. F. Lecher. Cria tamb�m o especialista em palavras cruzadas Alexander Search e outras figuras menores. Mas seria no dia 8 de mar�o de 1914 que os heter�nimos come�ariam a aparecer com toda a for�a. Neste dia, Pessoa escreve, de uma s� vez, os 49 poemas de O Guardador de Rebanhos, de Alberto Caeiro. Como resposta, escreve tamb�m os seis poemas de Chuva Obl�qua, que assina com seu pr�prio nome. Logo, inventaria �lvaro de Campos e, em junho do mesmo ano, Ricardo Reis. Um semi-heter�nimo de Pessoa, Bernardo Soares, s� em 1982 teve sua obra, O Livro do Desassossego, composta por fragmentos de prosa po�tica, publicada.

�lvaro de Campos e Ricardo Reis, assim como o pr�prio Pessoa, consideravam-se disc�pulos de Alberto Caeiro, mas cada um seguiu os ensinamentos do mestre � sua forma, e chegaram at� a travar uma pol�mica muito interessante sobre o fazer po�tico.

A �ltima frase de Fernando Pessoa foi escrita em ingl�s no dia de sua morte:

I know not what tomorrow will bring.
Ou
Eu n�o sei o que o amanh� trar�.

O amanh� trouxe para Fernando Pessoa uma admira��o crescente. Suas obras foram aos poucos sendo publicadas e ele � considerado hoje, ao lado de Cam�es, um dos dois maiores poetas portugueses de todos os tempos. Nenhum poeta, em l�ngua portuguesa, obteve tanto prest�gio em todo o mundo. O obscuro e modesto lisboeta tornou-se, assim, um nome importante em todo o mundo. Gra�as ao poder da palavra. Gra�as � magia da poesia.

Pessoa e os heter�nimos

Mais do que meros pseud�nimos, outros nomes com os quais um autor assina sua obra, os heter�nimos s�o inven��es de personagens completos, que t�m uma biografia pr�pria, estilos liter�rios diferenciados, e que produzem uma obra paralela � do seu criador. Fernando Pessoa criou v�rias dessas personagens. Tr�s deles foram excelentes poetas e seus poemas est�o nesta antologia, lado a lado com os que Pessoa assinava com seu pr�prio nome. Os estudiosos seguem discutindo por que Pessoa teria criado seus heter�nimos. Seria esquizofrenia? Psicografia? Uma grande piada? Um genial jogo de marketing po�tico? De certo, sabemos que a genialidade de Fernando Pessoa � grande demais para caber em um s� poeta. Como bem o sintetizou o seu heter�nimo mais atribulado, �lvaro de Campos:



"Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como v�rias pessoas,
Quanto mais personalidades eu tiver,
Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,
Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,
Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,
Estiver, sentir, viver, for,
Mais possuirei a exist�ncia total do universo,
Mais completo serei pelo espa�o inteiro fora."

Al�m disso, Fernando Pessoa viveu durante os prim�rdios do Modernismo, uma �poca em que a arte se fragmentava em v�rias tend�ncias simult�neas, as chamadas Vanguardas: Futurismo, Cubismo, Expressionismo, Dada�smo, Surrealismo e muitas outras.

A arte, no momento da explos�o das in�meras vanguardas modernistas por todo
o mundo, tamb�m se dividia e se multiplicava. Fernando Pessoa, introdutor das
vanguardas modernistas em Portugal, ao se dividir, levou a fragmenta��o da
arte moderna �s �ltimas conseq��ncias.

Leia também "A Razão Poética" de Ferreira Gullar

Alberto Caeiro (1889 - 1915)

Fernando Pessoa explicou em detalhes a “vida”de cada um de seus heter�nimos. Assim apresenta a vida do mestre de todos, Alberto Caeiro:

"Nasceu em Lisboa, mas viveu quase toda a sua vida no campo. N�o teve profiss�o, nem educa��o quase alguma, s� instru��o prim�ria; morreram-lhe cedo o pai e a m�e, e deixou-se ficar em casa, vivendo de uns pequenos rendimentos. Vivia com uma tia velha, tia av�. Morreu tuberculoso."

Pessoa cria uma biografia para Caeiro que se encaixa com perfei��o � sua poesia, como podemos observar nos 49 poemas da s�rie O Guardador de Rebanhos, inclu�da por inteiro nesta antologia. Segundo Pessoa, foram escritos na noite de 8 de mar�o de 1914, de um s� f�lego, sem interrup��es. Esse processo criativo espont�neo traduz exatamente a busca fundamental de Alberto Caeiro: completa naturalidade.

Eu n�o tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza n�o � porque saiba o que ela �.
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem por que ama, nem o que � amar...

Caeiro escreve com a linguagem simples e o vocabul�rio limitado de um poeta campon�s pouco ilustrado. Pratica o realismo sensorial, numa atitude de rejei��o �s elucubra��es da poesia simbolista.

Assim, constantemente op�e � metaf�sica o desejo de n�o pensar. Faz da oposi��o � reflex�o a mat�ria b�sica das suas reflex�es. Esse paradoxo aproxima-o da atitude zen-budista de pensar para n�o pensar, desejar n�o desejar:

Metaf�sica? Que metaf�sica t�m aquelas �rvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que n�o nos faz pensar,
A n�s, que n�o sabemos dar por elas.
Mas que melhor metaf�sica que a delas,
Que � a de n�o saber para que vivem
Nem saber que o n�o sabem?

Caeiro coloca-se, portanto, como inimigo do misticismo, que pretende ver “mist�rios” por tr�s de todas as coisas. Busca precisamente o contr�rio: ver as coisas como elas s�o, sem refletir sobre elas e sem atribuir a elas significados ou sentimentos humanos:

Os poetas m�sticos s�o fil�sofos doentes,
E os fil�sofos s�o homens doidos.

Porque os poetas m�sticos dizem que as flores sentem
E dizem que as pedras t�m alma
E que os rios t�m �xtases ao luar.

Mas as flores, se sentissem, n�o eram flores,
Eram gente;
E se as pedras tivessem alma, eram coisas vivas, n�o eram pedras;
E se os rios tivessem �xtases ao luar,
Os rios seriam homens doentes.

� importante lembrar que os poetas simbolistas, que antecederam Fernando Pessoa, estavam impregnados de forte misticismo, herdado da poesia rom�ntica. Enquanto rom�nticos e simbolistas carregavam seus poemas de religiosidade, Alberto Caeiro procura, de forma coerente e l�gica, afastar-se da reflex�o sobre Deus.

Pensar em Deus � desobedecer a Deus,
Porque Deus quis que o n�o conhec�ssemos,
Por isso se nos n�o mostrou...

Seguindo esta linha de pensamento religioso, Caeiro escreve um poema muito ousado sobre o menino Jesus. No poema VIII de O Guardador de Rebanhos, destitu�do de santidade, Cristo � representado como uma crian�a normal: espont�nea, levada, brincalhona e alegre. Nisso, est� a religiosidade de Caeiro.
Em perfeita conson�ncia com sua busca de simplicidade e espontaneidade, Alberto Caeiro escreve versos livres (sem m�trica regular) e brancos (sem rimas).

Ricardo Reis (1887 - 1935?)

Se Alberto Caeiro era um campon�s autodidata desprovido de erudi��o, seu disc�pulo Ricardo Reis era um erudito que insistia na defesa dos valores tradicionais, tanto na literatura quanto na pol�tica. De acordo com Pessoa:

"Ricardo Reis nasceu no Porto. Educado em col�gio de jesu�tas, � m�dico e vive no Brasil desde 1919, pois expatriou-se espontaneamente por ser mon�rquico. � latinista por educa��o alheia, e um semi-helenista por educa��o pr�pria."

Disc�pulo de Caeiro, Reis retoma o fasc�nio do mestre pela natureza pelo vi�s do neoclassicismo. Insiste nos clich�s �rcades do Locus Amoenus (local ameno) e do Carpe Diem (aproveitar o momento).

Neocl�ssico, Reis busca o equil�brio, a "Aurea Mediocritas" (equil�brio de ouro) t�o prezada pelos poetas do s�culo XVIII. A busca da espontaneidade de Caeiro transforma-se em Reis, na procura do equil�brio contido dos cl�ssicos. Deixa de ser uma simplicidade natural e passa a ser estudada, forjada atrav�s do intelecto:

Para ser grande, s� inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
S� todo em cada coisa. P�e quanto �s

No m�nimo que fazes.
Assim como em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

A linguagem de Ricardo Reis � cl�ssica. Usa um vocabul�rio erudito e, muito apropriadamente, seus poemas s�o metrificados e apresentam uma sintaxe rebuscada.

Os poemas de Reis s�o odes, poemas l�ricos de tom alegre e entusi�stico, cantados pelos gregos, ao som de c�taras ou flautas, em estrofes regulares e vari�veis. Nelas, convida pastoras como L�dia, Neera ou Cloe para desfrutar de prazeres contemplativos e regrados:

"Prazer, mas devagar,
L�dia, que a sorte �queles n�o � grata
Que lhe das m�os arrancam.
Furtivos, retiremos do horto mundo
Os deprendandos pomos."

As odes de Reis, como as de P�ndaro, recorrem sempre aos deuses da mitologia grega. Este paganismo, de car�ter erudito, afasta-se da convic��o de Alberto Caeiro de que n�o se deve pensar em Deus. Para Ricardo Reis, os deuses est�o acima de tudo e controlam o destino dos homens:

"Acima da verdade est�o os deuses.
Nossa ci�ncia � uma falhada c�pia
Da certeza com que eles
Sabem que h� o Universo.

�lvaro de Campos (1890 - 1935?)

Fernando Pessoa nos informa que �lvaro de Campos:

Nasceu em Tavira, teve uma educa��o vulgar de Liceu; depois foi mandado para a Esc�cia estudar engenharia, primeiro mec�nica e depois naval. Numas f�rias fez a viagem ao Oriente de onde resultou o Opi�rio. Agora est� aqui em Lisboa em inatividade."

Como normalmente acontece com os poetas de carne e osso, o heter�nimo �lvaro de Campos apresenta tr�s fases distintas em sua poesia. De in�cio � influenciado pelo decadentismo simbolista, depois pelo futurismo e por fim, amargurado, escreve poemas pessimistas e desiludidos.

No poema Opi�rio, o engenheiro Campos, influenciado pelo simbolismo, ainda metrifica e rima. Escreve quadras, estrofes de quatro versos, de teor autobiogr�fico e j� se apresenta amargurado e insatisfeito:

"Eu fingi que estudei engenharia.
Vivi na Esc�cia. Visitei a Irlanda.
Meu cora��o � uma avozinha que anda
Pedindo esmolas �s portas da alegria."

Campos em seguida envereda pelo futurismo, adotando um estilo febril, entre as m�quinas e a agita��o da cidade, do que resultam poemas como Ode Triunfal:

"� dolorosa luz das l�mpadas el�tricas da f�brica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos."

Desta fase s�o tamb�m a Ode Mar�tima e a Sauda��o a Walt Whitman. Homenageando o grande escritor norte-americano, Campos, al�m de se referir ao conhecido homossexualismo de Whitman, de que parece comungar, revela uma das mais fortes influ�ncias sobre o seu estilo:

Os poemas de �lvaro de Campos s�o marcados pela oralidade e pela prolixidade que se espalha em versos longos, pr�ximos da prosa. Despreza a rima ou m�trica regular. Despeja seus versos em torrentes de incontrol�vel desabafo.

A �ltima fase do heter�nimo �lvaro de Campos, em que pontifica o poema Tabacaria, apresenta um poeta amargurado, refletindo de forma pessimista e desiludida sobre a exist�ncia:

"N�o sou nada.
Nunca serei nada.
N�o posso querer ser nada.
� parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."

Assim como Ricardo Reis, tamb�m �lvaro de Campos confessa-se disc�pulo de Alberto Caeiro. Mas se Reis envereda pelo neoclassicismo ao tentar imitar o mestre, Campos se revela inquieto e frustrado por n�o conseguir seguir os preceitos de Caeiro. No poema que se inicia pelo verso "Mestre, meu mestre querido", dialoga com Caeiro, revelando toda sua ang�stia:

"Meu mestre, meu cora��o n�o aprendeu a tua serenidade.
Meu cora��o n�o aprendeu nada.
(...)
A calma que tinhas, deste-ma, e foi-me inquieta��o."

Fernando Pessoa, ele mesmo

A obra que Fernando Pessoa assinou com seu pr�prio nome est� reunida nos volumes Cancioneiro e Mensagem.

O Cancioneiro � composto por poemas l�ricos, rimados e metrificados, de forte influ�ncia simbolista. � do Cancioneiro um dos poemas mais c�lebres de Pessoa, Autopsicografia, em que reflete sobre o fazer po�tico:



"O poeta � um fingidor.
Finge t�o completamente
Que chega a fingir que � dor
A dor que deveras sente.

E os que l�em o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
N�o as duas que ele teve,
Mas s� a que eles n�o t�m."

O leitor atento h� de perceber que o poeta parte de uma dor sua, real, integral. S� quem sente uma dor pode fingir outra que n�o sente. S� quem tem personalidade pode ser ator. Como Fernando Pessoa. J� os leitores, l�em no poema a dor ou o sentimento que lhes falta e que gostariam de ter. Sentem-na ao atribu�-la a poeta.

Mensagem (1934), foi o �nico livro em l�ngua portuguesa publicado por Pessoa.
Os poemas do livro est�o organizados de forma a compor uma epop�ia fragment�ria, em que o conjunto dos textos l�ricos acaba formando um elogio de teor �pico a Portugal. Tra�ando a hist�ria do seu pa�s, Pessoa envereda por um nacionalismo m�stico de car�ter sebastianista.

O livro Mensagem est� dividido em tr�s partes: Bras�o, Mar portugu�s e O Encoberto.

Na primeira, conta-se a hist�ria das gl�rias portuguesas. Na segunda, s�o apresentadas as navega��es e conquistas mar�timas de Portugal. Na terceira, � apresentado o mito sebastianista de retorno de Portugal �s �pocas de gl�ria.

A primeira parte de Mensagem, Bras�o, se estrutura como o bras�o portugu�s, que � formado por dois campos: um apresenta sete castelos, o outro, cinco quinas. No topo do bras�o, est�o a coroa e o timbre, que apresenta o grifo, animal mitol�gico que tem cabe�a de le�o e asas de �guia. Assim se dividem os poemas desta parte, remetendo ao bras�o de Portugal. Versam sobre as grandes figuras da hist�ria de Portugal, desde Dom Henrique, fundador do Condado Portucalenses, passando por sua esposa, Dona Tareja, e seu filho, primeiro rei de Portugal, Dom Afonso Henriques, at� o infante Dom Henrique (1394-1460), fundador da Escola de Sagres e grande fomentador da expans�o ultramarina portuguesa, e Afonso de Albuquerque (1462-1515), dominador portugu�s do Oriente. At� o mito de Ulisses, que teria fundado a cidade de Ulissepona, depois Lisboa, � apresentado:

"O mito � o nada que � tudo.
O mesmo sol que abre os c�us
� um mito brilhante e mudo."

A segunda parte, Mar portugu�s, apresenta as principais etapas da expans�o ultramarina que levou Portugal a ocupar um lugar de destaque no mundo durante os s�culos XV e XVI:

"E ao imenso e poss�vel oceano
Ensinam estas Quinas, que aqui v�s,
Que o mar com fim ser� grego ou romano:
O mar sem fim � portugu�s."

J� a �ltima parte, O Encoberto, apresenta o misticismo em torno da figura de Dom Sebasti�o, rei de Portugal cuja frota foi dizimada em ataque aos mouros em 1578. Muitas previs�es, como a do sapateiro Bandarra e a do padre Ant�nio Vieira, prev�em o retorno de Dom Sebasti�o para resgatar o poderio de Portugal, criando o Quinto Imp�rio, marcando a supremacia de Portugal sobre o mundo:

"Gr�cia, Roma, Cristandade,
Europa, os quatro se v�o
Para onde vai toda idade.
Quem vem viver a verdade
Que morreu dom Sebasti�o?"

Esse estudo foi elaborado por Frederico Barbosa
e nos foi enviado por e-mail pelo amigo Celso Sampaio.

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